quarta-feira, 25 de abril de 2012

"A Al-Jazira deturpa os fatos ocorridos na Síria", diz repórter


 
A emissora de televisão Al-Jazira, que pertence ao governo do Catar, deturpa premeditadamente os fatos ao dar cobertura aos acontecimentos na Síria, afirma um ex-repórter do canal, Ali Hashem, que concedeu uma entrevista exclusiva à emissora Voz da Rússia.

Ali Hashem fez muitas reportagens em zonas de conflito, trabalhando na Líbia nos tempos da guerra entre a "oposição" e os partidários de Kadhafi. Posteriormente, foi enviado para a Síria, como nos conta o jornalista.

"Quando regressei da Líbia em abril de 2011, fui enviado para a fronteira entre o Líbano e a Síria. Vi muitos grupos armados que cruzavam a fronteira. Conseguimos filmar grupos de homens armados que combatiam contra o exército sírio na fronteira entre o Líbano e a Síria a um ou dois quilômetros da fronteira no território sírio", relata. 

"Não sei quem eram: sírios, libaneses ou palestinos. Posso dizer que vimos homens combatendo. O canal não quis transmitir esta reportagem. Os meus editores recomendaram que esquecesse este episódio, que não desse atenção a rebeldes armados. Os acontecimentos eram representados como 'revolução pacífica' em que não deveriam participar rebeldes armados. O canal recusou-se a exibir essas cenas", conta o jornalista.

Ali Hashem tem certeza que tal indicação foi dada pelo governo do Catar.

"Esta foi uma decisão do governo que controla o canal, uma decisão do Ministério das Relações Exteriores do Catar. Eles tentavam representar os acontecimentos na Síria como esmagamento de manifestantes pacíficos. Na realidade, a situação era diferente, esta era uma guerra entre rebeldes armados e o exército".

"A Al-Jazira não apenas censurava as reportagens como emitia verdadeiras mentiras. O canal intervinha diretamente nos acontecimentos na Síria, fornecendo meios de comunicação móveis através da Internet aos adversários de Bashar al-Assad", comunicou Ali Hashem.

"Isso foi feito através da fronteira com o Líbano. Tanto quanto sei, uma das primeiras operações de fornecimento clandestino teve por missão enviar meios de comunicação para a Síria. Sei que a algumas pessoas foram pagos US$ 50 mil pelo transporte de equipamentos do Líbano para a Síria. Tenho a certeza que havia muitas operações do gênero. O canal afirmou que pretendia que, fora da Síria, fossem ouvidos aqueles que não tiveram direito à livre expressão. Mas, quanto sei, os equipamentos foram utilizados por rebeldes armados e não apenas por manifestantes pacíficos".

Em sinal de protesto contra a violação dos princípios básicos da ética jornalística, Ali Hashem e muitos seus colegas abandonaram a Al-Jazira. Porém a emissora de televisão continua a transmitir e, tal como antes, sua cobertura pouco objetiva dada aos acontecimentos na Síria continua formando a opinião pública em países árabes e no Ocidente.

Fonte: Voz da Rússia e ianoticia.blogspot.com

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